Dra. Débora Christina Ribas D'Ávila

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31/01/2010

ANTIDEPRESSIVO, GESTAÇÃO E ALEITAMENTO

Uso de antidepressivos atrapalha o aleitamento materno.

O uso de drogas antidepressivas pode atrapalhar consideravelmente a amamentação, segundo estudo da Universidade de Cincinnati, nos EUA. De acordo com os especialistas, antidepressivos como a fluoxetina, a sertralina e paroxetina afetam o humor, as emoções e o sono, além de poderem ter um efeito na regulação da serotonina nos seios, colocando as mães sob maior risco de ter um atraso no estabelecimento de uma oferta completa de leite.

Em estudo observacional de 431 “mães de primeira viagem” no pós-parto, os pesquisadores descobriam que a média de tempo do início da lactação era de 85,8 horas pós-parto para as mulheres tratadas com antidepressivos, e de apenas 69,1 horas para aquelas que não tomavam esses medicamentos. E, segundo especialistas, a ativação secretória ocorrendo com mais de 72 horas após o parto é considerada atrasada.


Antidepressivos na gravidez e na amamentação: tomar ou não tomar?



Sabe-se que a gravidez pode não só desencadear, como agravar a depressão.

O risco do uso de antidepressivos na gravidez está ligado aos possíveis efeitos teratogênicos, isto é, de má-formação do feto. Além disso, há possibilidade de interferência no peso e no desenvolvimento do bebê.

Tomar remédio é um risco para o bebê. Porém, não tomar também pode prejudicar as gestantes: 70% das que abandonam o tratamento têm recaídas.

“Existe muito preconceito e, por isso, é mais fácil para um médico decidir tratar uma hipertensão ou bronquite do que a depressão na gravidez”, afirma o psiquiatra italiano Salvatore Di Salvo, diretor do Centro de Depressão, Ansiedade e Ataque de Pânico de Turim. “A tendência é sugerir que a paciente enfrente seu problema sozinha, com força de vontade e caráter. Mas esse conselho serve apenas para aumentar seu sentimento de culpa e inadequação”, completa.

Prevalência

Estima-se que 14% a 23% das mulheres podem ter sintomas de depressão durante a gravidez, e 10% delas desenvolverão a doença em seu nível mais grave, especialmente se houver suspensão da medicação enquanto se está tentando engravidar. E as chances de uma depressão pós-parto para quem já sofre da doença em sua forma crônica, segundo os especialistas, é de 15% a 20%.

“De modo geral, os antidepressivos não aumentam o risco de má-formação, que em situações normais é de 1% a 4%”, diz o psiquiatra Joel Rennó Jr., Coordenador Geral do Programa de Saúde Mental da Mulher (Pro-Mulher), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Por isso, ele defende que os remédios sejam receitados quando os benefícios superarem os riscos.

Rennó comenta que muitas vezes os sintomas das grávidas são subdiagnosticados. “Cansaço, fadiga excessiva, crises de choro - questões triviais em uma gestação comum - podem ser sinais não só da depressão, mas de outros transtornos. Se esses sinais não forem identificados, mais tarde se manifestarão de forma exuberante no pós-parto”, completa.

E o bebê?

Se tomar remédios pode ter efeitos indesejados, não tratar a depressão também pode ter consequências para o bebê . Por causa da doença, essa mãe, durante a gestação, pode ter impulsos suicidas, recusar-se a se alimentar corretamente, bem como ausentar-se das consultas do pré-natal, com severas consequências.

O psiquiatra italiano afirma que os estudos mostram que os possíveis efeitos dos remédios às crianças se resumem a leves sintomas motores, menor coordenação ou tremores, arrepios, hipoglicemia, icterícia e até dificuldade respiratória, que tendem a desaparecer espontaneamente em poucas semanas.

Remédios

Os antidepressivos mais usados entre as gestantes, atualmente, são os que atuam na serotonina, como a fluoxetina e a sertralina. “Há apenas uma exceção, a paroxetina, que tem sido relacionada à má-formação cardíaca. Fora isso, esses remédios são considerados seguros mesmo até a 12ª semana de gestação”, informa Rennó.

Durante a amamentação, “onde, reconhecidamente, o remédio é passado para o bebê, se a dose for mínima, os efeitos para ele também serão mínimos. Todavia, alguns médicos preferem indicar o aleitamento artificial, para preservar o bebê e também para não submeter a mãe a mais estresse”, conclui Di Salvo.

Custo-benefício

Segundo o psiquiatra David A. Kahn, do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Colúmbia, nos EUA, médicos devem seguir os seguintes critérios: “Se houve apenas um episódio e a futura mãe não apresenta sintomas no período de seis meses, a medicação pode ser suspensa antes da concepção. Para prevenir, a psicoterapia pode ser indicada”. “Mas se ela tiver um histórico de depressão severa, com múltiplos e prévios eventos, a recomendação é que ela continue com a medicação, mesmo durante a concepção. Se ela já está sendo medicada e engravida, o médico pode optar pela substituição do medicamento por algum cujos efeitos sejam mais conhecidos, e o tratamento deve seguir durante a gestação", continua. Há apenas uma situação em que ainda não há acordo: quando a paciente teve apenas um episódio, mas grave, de depressão.

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