Dra. Débora Christina Ribas D'Ávila

Ed. Life Town Cambui, rua dos Alecrins, 914, sala 408 , fone (19)99478-6060, Campinas, São Paulo, Brazil

26/01/2010

IMPORTÂNCIA DO PAI NA GESTAÇÃO

Começando na primeira ecografia e indo até ao momento do parto, o acompanhamento e apoio do pai do bebê é determinante para a mãe, e consequentemente para o bebê. Ir às consultas de pré-natal, estar presente nas aulas de preparação para o parto e finalmente estar na sala de parto facilita em muito a formação do vínculo papai-bebê.

São nove meses de especial compreensão e atenção para aquele novo ser que se prepara para nascer e o pai tem que se empenhar tanto como a mãe para que tudo corra bem. O feto ouve a voz paterna e percebe a influência que exerce em sua mãe, através dos batimentos cardíacos, produção hormonal e corrente sangüínea. Tudo quanto afeta positiva e negativamente sua mãe, afeta-o também e as questões conjugais entram em jogo com um grande peso, já que são as que mais atingem emocionalmente a gestante.

A voz paterna é tão importante para a criança que se o pai se comunicar com ela ainda in útero, a criança é capaz de reconhecê-la e de reagir, logo ao nascer. Assim, se por qualquer obstáculo mãe e bebê são separados após o nascimento, e se a mãe estiver impossibilitada de acompanhar sua recuperação, o pai deve assumir e estabelecer contato com ele para que não perca seus referenciais intra-uterinos, podendo sentir-se novamente em segurança. O pai poderá assumir a função que lhe é de direito e de amor e o vínculo paterno-filial irá se fortalecendo com o passar do tempo, aumentando seu envolvimento e prazer em acompanhar o desenvolvimento da gestação.

Desejar um filho é completamente diferente de se projetar como pai. E isto é válido também para a mulher. Enquanto o desejo de um filho situa-se no plano da fantasia, onde todas as expectativas são idealizadas, projetar-se como pai remete-o à realidade das responsabilidades que deverão ser assumidas e pelas quais também se percebe inseguro e despreparado.

O pai também se encontra em estado regressivo, quando os conflitos infantis, conscientes e inconscientes, são reatualizados, principalmente no tocante à relação com os pais de origem, em especial, com a figura paterna.

Embora o homem e a mulher contribuam igualmente para a concepção do filho, é a mulher que vai vivenciar as transformações físicas e sentir o bebê crescer dentro de seu corpo. Isto causa muita inveja e ciúme no homem por não poder participar diretamente da díade mãe-bebê, o que pode levá-lo a sentir-se excluído da relação.

Infelizmente, alguns homens excluem-se da relação, como se não pudessem ou devessem ter acesso à gravidez. Culturalmente, ainda se lhes encontra enraizado que a demonstração de ternura e os cuidados para com um bebê vão contra o conceito de masculinidade. Outros, ainda, sentem-se incompreendidos e desamparados em suas angústias e ansiedades, pois também se percebem fragilizados, cheios de dúvidas e com medo do futuro e saem em busca de amigos, ficando cada vez mais afastados do ambiente doméstico, sofrendo sozinhos.

A psicologia pré-natal, com seus estudos cada vez mais avançados, tem demonstrado a importância para o feto do contato precoce com a figura paterna. Quanto mais cedo o vínculo é formado, tanto pelo contato físico no ventre da mulher quanto pela emissão de palavras, maiores benefícios emocionais trarão após o nascimento, pois o bebê necessita tanto dos cuidados maternos quanto dos paternos, visto ser receptivo e sensível a estes, principalmente se tiveram início na vida intra-uterina.

Como a criança já guarda lembranças na vida pré-natal e é capaz de retê-las, a ligação profunda e intensa pai-feto é essencial para o continuum do vínculo pós-nascimento. Este pai, então, deixa de ser mero provedor para compartilhar dos cuidados básicos com o bebê, bem como de sua educação e desenvolvimento físico-emocional.

Mas os limites de cada um devem ser respeitados. Há pais que por não conseguirem experienciar a troca de fraldas, assumem outras tarefas como dar banho, alimentar, levar a passear. Sendo assim, podem revezar com a mulher, deixando de sobrecarregá-la e de se sobrecarregar, ficando ambos mais disponíveis emocionalmente para o bebê. Além do contato com ele, o homem também tem uma função importante como companheiro, pois transmitindo amor e segurança à mulher, colaborará para que ela acolha mais intensamente seu próprio filho.

O reatamento das relações sexuais também são fonte de grande angústia do homem, visto ainda estar em estado regressivo. O temor de machucar a mulher ressurge com a mesma intensidade que na adolescência, o que causa grande insegurança na parceira por perceber este distanciamento como uma rejeição a si mesma.

Alguns homens se afastam da mulher por estarem ainda ressentidos pelo abandono sofrido durante todo o processo da gestação, o que lhes causou sentimentos de intenso ciúme e rivalidade para com o filho, tal como ocorrem quando nasce um irmão. Outros, ainda, por sua história pessoal, modelos parentais ou culturais, vêem em suas parceiras apenas a imagem materna, o que tornam as relações sexuais inviáveis. Para outros, ao contrário, a parceira fica ainda mais sedutora, pois foi quem gestou seu filho, prova viva de sua virilidade.

A presença ou não do homem na sala de parto, é outra questão que surge e que depende do desejo e disponibilidade do futuro papai. Há homens que não se sentem à vontade para assistir o parto, pois além de revivenciarem a reatualização da angústia do próprio nascimento, teriam que suportar a culpa e responsabilidade, que muitas vezes surgem, ao se depararem com o que a parceira está vivenciando fisicamente. Outros assumem a tarefa sem dificuldade, funcionando como suporte emocional da mulher e de acolhimento ao bebê nesta sua vinda ao mundo aéreo.

Assim como a puérpera, o homem também experiencia a depressão pós-parto, temendo não ser capaz de assumir a nova família, de ser bom pai e, principalmente, temendo perder o lugar que tem junto à companheira, pois sabe que seu filho irá exigir toda sua atenção e cuidados nos primeiros meses.

De qualquer maneira, homem nenhum passa imune ao processo de gestação e do nascimento de um filho. Com a evolução dos estudos sobre a relação paterno-filial, desde a vida intra-uterina, muitos homens estão se conscientizando e assumindo a paternidade de modo mais responsável, valorizando a importância de sua participação na vinda e na vida de seus filhos.

Com isto, homens e mulheres poderão estabelecer vínculos mais solidários e sólidos, independentemente da sitiuação do vínculo afetivo, o que certamente irá produzir gerações futuras de crianças emocionalmente mais ajustadas, estáveis, seguras e, portanto, muito mais felizes.

Nos últimos dias de gestação o pai deve estar sempre contactável, a mala e a documentação prontas e seu papel é ainda mais especial para com a mulher. O essencial é manter a calma e esperar que tudo corra pelo melhor. Dar entrada no hospital e participar do parto, usufruindo desse momento mágico: uma nova vida nasce, o seu filho.

Se a mãe não se opuser e o pai desejar, o ideal é estarem ambos na sala de partos. A presença do pai torna o parto mais fácil e a mulher sente-se mais segura, o pai pode cortar o cordão umbilical e entregar o bebê à mamãe. Estes momentos são inesquecíveis e fortalecem os laços entre pai, mãe e filho.

Hoje já é possível observar pais que não se deixam conduzir pelo velho estereótipo machista e curtem os filhos desde a gestação, participam de curso para casais grávidos, lêem revistas e livros especializados e buscam sites que falam sobre bebês. Mais tarde sentem prazer em ajudar a trocá-los, embalam-nos carinhosamente, fascinam-se ao acompanhar seu desenvolvimento e dispõe-se a cuidar deles enquanto suas mulheres desfrutam de um pouco de privacidade, descanso e silêncio.

Quando caem os tabus, é maior a liberdade social e cultural de improvisar o papel do pai. Se o homem quiser, poderá ficar mais próximo, estabelecer uma relação mais direta e imediata com a criança, ter acesso ao filho desde o nascimento. Pode pegá-lo, trocá-lo passar pomada no bumbum, limpar o curativo do umbigo, dar-lhe banho, vesti-lo, acalentá-lo, deitá-lo, dar-lhe mamadeira , levá-lo para a mulher amamentar... quando a criança cresce o pai pode dar a mamadeira, o mingau, preparar a sopa de legumes, o suco de laranja. E mais tarde arrastar-se pelo chão, engatinhar com ele, ensinar-lhe palavras, cantar, ajudá-lo a andar, manipular seus brinquedos, contar histórias para ele...

É fácil ser pai quando se está disponível, quando não há medo, quando nos emocionamos. Quando ensinamos (através do abraço) nosso filho a ser um pai ou mãe muito mais afetivo, generoso e feliz.

Lembre-se: Não se nasce um bom pai, torna-se um...



As mudanças sociais e culturais ocorridas na contemporaneidade, mostram uma nova postura da mulher na sua relação com o casamento, a maternidade e o homem, ocasionando uma nova perspectiva no exercício das funções materna e paterna.

O lugar da lei, da referência e da ordem tem sido preterido a pretexto do prazer, do amor, da felicidade, da criatividade". A "predominância da ideologia do amor", tem trazido aos pais uma dificuldade de assumir o lugar da lei, de se colocar no lugar de quem frustra, e com isso permitir à criança entrar em contato com sua história dolorosa, o que tem dificultado com que esta possa fazer seu luto simbólico e se organizar. Isto tem sido um dos elementos que temos percebido como alienadores na construção da identidade da criança/adolescente.

Cabe ao pai ser o suporte econômico e emocional da mãe, proporcionando-lhe a tranqüilidade necessária para que ela possa desempenhar seu papel. Ele deve ser aquele que se introduz na díade mãe-filho, com o objetivo de impedir que a relação fusional que os mantém unidos desde o nascimento se prolongue por muito tempo, impedindo o desenvolvimento da individualidade da criança.

O pai precisa agir como facilitador de separações, impulsionando o filho a seguir adiante. E a partir deste momento, ele se oferece como um elemento importante e fundamental para a identificação, que antes era um papel restrito à mãe.

Para tanto é importante também que o pai se predisponha a fazer parte desta relação. É preciso que ele adote afetiva e efetivamente seus filhos, pois sabemos que pais ausentes ou muito distantes podem favorecer o aparecimento de problemas de personalidade nas crianças e também de dificuldades de interação com os companheiros.

O exercício da função paterna pressupõe muito mais do que a simples presença masculina na relação com o bebê. Acreditamos que essa função se localiza no espaço de subjetivação do exercício do poder, entendido como a representação da Lei, como representação simbólica do mundo. Em todos os ordenamentos escritos, essa referência à família enquanto lugar de transmissão da lei pode ser resgatada historicamente, declaradamente, em torno dos pais (ex: os mandamentos bíblicos e o lugar do pai no Direito Romano, que compreende a noção de pátrio poder).

Se a "lei do pai' é aceita e internalizada progressivamente pela criança, esta passa a se ver em um mundo com as outras pessoas, não só no mundo todo dela ou só para ela. A entrada no mundo humano marca a despedida da onipotência infantil, além de ressaltar para a criança o contato com os próprios limites, com a alteridade e com a morte.

O pai, juridicamente era o chefe da família e tinha a função de transmitir as leis, ordenando as relações familiares por meio das normas recebidas de seus ancestrais ou decifrando as normas constituintes da cultura na qual estava inserido. A obediência à lei é um ato de filiação.

Ao se constituir Lei a Função Paterna favorece a formação do Superego, ao propiciar para a criança e para o adolescente a possibilidade da interiorização de uma série de regras morais que são fundamentais para o convívio social. O pai é o 'sustentador da lei'

A presença da autoridade garante o funcionamento das instituições ou de quaisquer formações coletivas. Deste ponto de vista, o bom funcionamento de uma sociedade resulta da aceitação comum de códigos culturais, de normas ou de leis impostas e/ou introjetadas, que sejam capazes de assegurar minimamente a permanência do que se costuma chamar de vínculo ou laço social.

O pai suficientemente bom é aquele que quer um desenvolvimento saudável para seu filho, dentro das potencialidades de cada um, ensinando-o a viver no mundo real, e no aconchego do seio familiar Ao representar o primeiro terceiro que entra na vida da criança, como um ser absolutamente diferente e com autonomia, ele permite ao filho se perceber como um ser integrado e autônomo.

Para Winnicott , a agressividade pode tomar vários caminhos, e estes estarão em estreita relação com a resposta ambiental: o desenvolvimento normal da capacidade de inquietude e duas alternativas patológicas que seriam a não-capacidade para a inquietude e a formação do falso-self, ligado à questão da tendência anti-social.

A paternidade é um grande ancoradouro de valores éticos e morais para nossas crianças e jovens, sendo assim, a palavra pai, nesse novo contexto, deixa de representar uma atitude distante e precisa ser substituída pela palavra participação.

No momento em que o pai apresenta o mundo externo ao filho, e, lhe ensina a alçar vôos mais livres e independentes, sem fazer com que essa liberdade seja sinônimo de dor ou algo ruim, podemos dizer que começamos a vislumbrar um novo perfil de indivíduos, com um superego forte e equilibrado, mais maduro e preparado para exercer seu papel na sociedade e também de futuros pais.

A ausência ou a perda das referências nos faz acreditar que isso pode significar o fracasso do indivíduo, assim como o fracasso social, inviabilizando a interiorização da imagem e da metáfora paterna, levando a impossibilidade da interiorização coletiva da lei.



Se vivemos em 'um mundo sem limites', pela falta de referenciais paternos, pode-se favorecer com que os filhos abandonados se deixem levar pela violência, pelas condutas adictivas e por manifestações ditas borderline.

A criatividade na adolescência está intimamente ligada à noção de limite. A falta deste impede que o adolescente exercite sua capacidade de pensar, de ser criativo e espontâneo e impede ainda que o adolescente organize sua mente, pois o limite ajuda nesta organização.

Ter a lei como referência em nível social é poder imaginar uma possibilidade de ordem democrática em que haverá igualdade entre os seres humanos. Manter a lei paterna como referência permite acessar ao reconhecimento da alteridade e querer ser reconhecido em sua própria alteridade.

Será que os pais estão transmitindo aos jovens valores, regras e normas morais e sociais? Como os pais de adolescentes estão se vendo no exercício desta função como transmissores destes valores, normas e regras?

Os quatro valores menos sentidos pelos adolescentes como tendo sido transmitidos pelos pais foram: ética, cidadania, respeito ao meio ambiente e competitividade. Os jovens disseram da importância de ter o pai por perto e como elemento de identificação. A mãe foi a principal referência apontada, tanto pelos adolescentes, quanto pelos pais.

A questão básica é se os pais se reconhecem nas respostas dos adolescentes como transmissores de valores. Percebemos que eles se vêem neste exercício sim, mas que se encontram muito confusos quanto ao exercício deste papel. Se vêem muitas vezes num espaço em que não se sentem seguros de que podem exercer o que sabem e como acreditam que deveria ser, por se sentirem pressionados pelo meio social e cultural, por aquela política de prazer que citamos inicialmente. Mesmo assim acreditam que o façam.

É importante observar que mesmo que o adolescente e o pai tenham apontado obstáculos no relacionamento pai - filho, aquele ainda é reconhecido no exercício da Função Paterna como um dos importantes elementos na transmissão de valores e normas sociais.

Percebemos com a pesquisa que os filhos buscam no lar não somente o prazer, mas também os limites, limites estes que se não são encontrados ali, serão algumas vezes impostos através de sanções para condutas delinqüentes.

Paralelo a esta pesquisa realizamos um trabalho com pais de adolescentes em conflito com a lei, e pudemos observar seu freqüente apelo à figura do Juiz, como um princípio ordenador. Os pais, sofrendo com um distanciamento da relação com o filho, encontram-se, muitas vezes, em um lugar em que perderam o controle do estabelecimento dos limites, das regras. Em suas falas, traziam a esperança de que uma autoridade frente ao filho, em relação à necessidade de um limite, fosse resgatada pelo Juiz.

Uma queixa constante apresentada pelos pais é a falta de controle sobre seus filhos, que não apresentam mais submissão às regras e limites estabelecidos dentro de casa.

Nos vimos diante de pessoas que sofrem por se sentirem muitas vezes impotentes diante do que aconteceu e acontece ainda com sua família.

Nos deparamos com um pai, que de sua impotência descobriu sua capacidade de exercer a "lei paterna", e o fez com muita propriedade. O que vimos foi um pai que mantinha o controle sobre seu filho e conseguia que ele se mantivesse afastado das drogas, frequentando as aulas, participando dos cultos religiosos, que faziam parte da cultura daquela família. E quando encontrávamos com aquele adolescente percebíamos que ele trazia uma expressão de tranquilidade e alegria no seu semblante. Este jovem cumpria medida sócio-educativa. O pai via na justiça um espaço de ajuda, que lhe permitiu resgatar seu poder de pai.

Por outro lado, encontramos uma mãe, que abandonada pelo marido e pai de seu filho adolescente, se via impotente diante das transgressões/desvios que este realizava. Este jovem, apesar de estar envolvido com o tráfico de drogas, de estar furtando, de não frequentar escola, não estava naquele momento "envolvido com a justiça". Isto dava a ele no nosso entender, um reforço em seu sentimento de onipotência, "de que com ele nada aconteceria". Apesar de estar sob a "tutela" do conselho tutelar de sua cidade, não via na família ou na justiça a "Lei" que pudesse lhe dar "margem" para se conter e se organizar. Era um jovem que demonstrava a sua ansiedade com a inquietação. Mexia-se todo o tempo, desafiava a tudo e a todos. Sua mãe buscava ajuda em todos os espaços possíveis. Acreditava que a sua autoridade não seria suficiente para ser o continente que seu filho precisava ter. Ao se sentir impotente diante dele deixava-o desamparado, apesar de todo amor que demonstrava por ele. Ela acreditava que o "homem da capa preta" poderia ser este espaço de continência para seu filho, mas se ressentia de que se ela o denunciasse o perderia. Por não acreditar em sua capacidade de amar e ser amada, duvidava de que poderia recuperar o amor do filho. Talvez mais ainda: ela duvidava que a denúncia ao Promotor, pedindo sua intervenção, fosse um gesto de amor e proteção ao filho.

Nos vimos também diante de pais que se ressentiam da justiça por terem sido maltratados e terem visto seus filhos serem maltratados principalmente pela polícia. Estes pais tinham um sentimento de que a Lei não os ampararia, mas ao contrário seriam punidos até pelo que não tinham feito. Se sentiam acusados de serem os causadores do desvio dos filhos e sofriam por disso. Questionavam que se a justiça/polícia os acusava de serem responsáveis e lhes punia por isso, ao invés de estender a mão como eles pediam, quem poderia ajudá-los no controle do filho.

Acreditamos que se não conseguirmos recuperar a competência dos pais, será muito difícil "recuperarmos" estes jovens que neste momento vêem a lei - exercício da Função Paterna - no traficante, nas armas e na violência. Uma lei que por não estar contida nas regras sociais os leva para o caminho da exclusão e do desvio.

Winnicott (2000) ao trazer o conceito de Tendência Anti-Social, nos diz que a transgressão do adolescente é um gesto de esperança. Ele espera que através dela possa ser "visto" pelo contexto familiar e social. A justiça muitas vezes entra neste espaço, sendo para o adolescente o limite que a família tem dificuldade de exercer.

E qual o papel da instituição judiciária frente à formação humana e ao auxílio para os pais desenvolverem seu papel de competência? Para Selosse (1997), "a justiça para os menores, além do poder de sancionar uma conduta repreensível, dispõe de uma autoridade legal, aquela que diz a lei, para lembrar ao jovem delinqüente a existência de uma autoridade referente, o respeito à realidade externa e a dar conta dos direitos individuais".

Porém, vale lembrar ainda, segundo afirma Barros (2002), que as instituições que sustentam o 'nome do pai' e a lei também sofrem de um enfraquecimento generalizado, concomitante ao desprestígio da paternidade. Os códigos da cultura tem sido transformados em frágeis sinalizações que podem a qualquer momento ser transpostas, como se ultrapassa um sinal vermelho sem temer seus efeitos, como se mata um índio ao se confundí-lo com um mendigo.

É preciso, assim, que ajudemos aos pais a resgatarem sua competência, devolvendo-lhes o espaço que eles sempre tiveram ao longo da história na relação com seus filhos, espaço este que dava à criança e ao jovem a liberdade de criar/transgredir, porque tinha a certeza de que o seu ato teria consequência, o que favorece o seu espaço de crescimento pessoal, afetivo e social e acima de tudo o espaço de criação de novas normas e regras sociais, que possibilitam grandes e importantes mudanças sociais e culturais.






Licença-Paternidade


Nos termos do art. 7º, inciso XIX da CF/88 c/c art. 10, § 1º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CF/88, o prazo de licença-paternidade é de cinco dias. A concessão dessa licença representou uma enorme inovação na Constituição de 1988, já que antes, nenhuma Constituição Brasileira tratava sobre o tema.
A licença-paternidade possibilita ao pai ausentar-se do serviço, para auxiliar a mãe de seu filho, que não precisa ser necessariamente sua esposa, no período de puerpério (período que se segue ao parto até que os órgãos genitais e o estado geral da mulher retornem à normalidade) e também registrar seu filho.
Importante, finalmente, reiterar que não é autorizado ao empregado faltar ao trabalho, injustificadamente, alegando, posteriormente, que estava de licenca- paternidade, sem que o empregador tenha ciência inequívoca do nascimento.

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