Dra. Débora Christina Ribas D'Ávila

Ed. Life Town Cambui, rua dos Alecrins, 914, sala 408 , fone (19)99478-6060, Campinas, São Paulo, Brazil

06/09/2011

Depressão Pós-Parto

A depressão pós-parto é um distúrbio emocional comum, podendo ser considerada uma reação esperada no período pós-parto imediato e que geralmente ocorre na primeira semana depois do nascimento da criança. Entre 50% a 80% de todas as mulheres apresentarão reações emocionais. 10% apresentam a sua forma mais severa.

Existem alterações de comportamento consideradas normais após o parto ou todas elas são “patológicas”?

O nascimento de um filho, principalmente o primogênito, traz grandes mudanças na vida de uma nova mamãe. Ela pode tornar-se cheia de energia, falante, e parecer tão disposta, auto-suficiente, como se não precisasse de ajuda externa. Ou a puérpera pode apresentar um profundo retraimento, necessidade de isolamento, principalmente se há uma quebra muito grande do que esperava, tanto em relação ao bebê idealizado quanto a si própria como figura materna, fazendo com que a puérpera sinta-se mais carente e dependente de proteção. A sensação predominante neste caso, é de sentir-se apenas a serviço do bebê, como se nunca mais fosse recuperar sua vida pessoal.

Meu filho nasceu há poucos dias, estou me sentindo muito triste e incapaz de cuidar dele, isto é normal?


Os sintomas como esse acompanhados de crises de choro, fadiga, humor deprimido, irritabilidade, ansiedade, confusão e lapsos curtos de memória são normais e se resolvem espontaneamente em até seis meses. A melhor maneira de ajudar é deixar a nova mãe falar de seus sentimentos, enfatizando a normalidade da sua alteração.

Quais fatores podem desencarear depressão pós-parto?

Fatores biológicos

São os resultantes da grande variação nos níveis de hormônios sexuais (estrogênio e progesterona) circulantes e de uma alteração no metabolismo das catecolaminas causando alteração no humor, podendo contribuir para a instalação do quadro depressivo.

Fatores psicológicos

São os originados de sentimentos conflituosos da mulher em relação:
a si mesma, como mãe
ao bebê
ao companheiro
a si mesma, como filha de sua própria mãe

Condições do parto – trabalhos de partos complicados, demorados, ou sem a assistência adequada

Situação social e familiar da mulher - relação entre o suporte social principalmente do parceiro e família, do planejamento da gravidez, de problemas de saúde da criança, dificuldade em voltar ao trabalho, dificuldade sócio-econômica e estado civil com a presença e gravidade da depressão.

Sintomas

Tristeza
Desesperança
Baixa auto-estima
Culpa
AnedoniaDistúrbios de sono
Distúrbios na alimentação
Cansaço e falta de energia
Desinteresse sexual
Aumento na ansiedade
Irritabilidade
Sentimento de incompetência
Isolamento social

O que é Psicose Puerperal e Síndrome Depressiva ?

São quadros depressivos que também ocorrem no período do pós-parto.

Na Psicose Puerperal, os sintomas aparecem nos três primeiros meses pós-parto e são mais intensos e duradouros, com episódios psicóticos, necessitando acompanhamento psiquiátrico e internação hospitalar. A mulher tem o delírio de que seu bebê é um ser "mau" e quer destruí-la, deixando de cuidar dele.

Depressão Grave: distúrbio do sono, modificação do apetite, fadiga, culpa excessiva e pensamentos suicidas. O tratamento deve ser psicológico e medicamentoso, pois os sintomas podem persistir por até um ano e impossibilitam a mãe de cuidar adequadamente do bebê.

Homens podem ter depressão pós-parto?


Sim, 25,5% dos pais sofrem sintomas depressivos, porém esses sintomas são mais leves que os das mulheres.

A depressão masculina tem origem nos sentimentos de exclusão diante da relação mãe-bebê. É como se ele se percebesse apenas como uma pessoa provedora que deve trabalhar e satisfazer as exigências impostas pelo puerpério da mulher. Muitas vezes encontra saída para suas ansiedades no ambiente externo ao lar. Daí o aumento das atividades e carga horária no trabalho, relações extra-conjugais ou mesmo somatizações com ocorrências de doenças para poder também chamar atenção sobre si.

Quando a depressão pós-parto deve ser tratada com medicamentos?

Quando há rejeição total ao bebê, sentindo-se completamente aterrorizada e ameaçada por ele, como se fosse um inimigo. A mulher sente-se apática, abandona os próprios hábitos de higiene e cuidados pessoais. Pode sofrer de insônia, inapetência, apresenta idéias de perseguição, como se alguém viesse roubar-lhe o bebê ou fazer-lhe algum mal. Se a puérpera estiver neste quadro de profunda depressão, sem poder oferecer a seu filho o acolhimento necessário, este também entrará em depressão. As características apresentadas são: falta de brilho no olhar, dificuldade de sorrir, diminuição do apetite, vômito, diarréia e dificuldade em manifestar interesse pelo que quer que esteja ao seu redor. Conseqüentemente, haverá uma tendência maior em adoecer ou apresentar problemas na pele, mesmo que esteja sendo cuidado.Se há bloqueio materno em manifestar amor pelo filho, alguém deve assumir a tarefa de maternagem para que o bebê possa sentir-se amado e acolhido, pois sem amor não desenvolverá a capacidade de confiar em suas próprias possibilidades de desenvolvimento físico e emocional. Neste caso, o psiquiatra deve ser consultado urgentemente e, simultaneamente ao apoio farmacológico, será aconselhada a psicoterapia.

Os medicamentos podem ser usados durante o aleitamento materno?


Pode ser tratada com anti-depressivos , mas eles passam para o leite materno. Logo a psicoterapia é o tratamento mais recomendado. Uma alimentação adequada, rica em Omega 3 e sais minerais, e exercícios também são importantes para melhorar o humor e a saúde em geral.

Outros filhos podem agravar a sensação de impotencia da mãe em relação aos cuidados com os filhos?

No caso de já existirem outros filhos, estes também sofrerão impactos emocionais, com a ausência da mãe e o medo de perder seu amor em prol do novo membro da família. O modo como demonstrarão tais sentimentos vão desde a regressão, quando solicitam novamente o uso da chupeta, apresentam transtornos do sono, inapetência, voltam a molhar a cama, até mesmo a negação da própria mãe, como se não precisassem mais de seu amor e cuidados. Neste momento, vinculam-se mais fortemente com o pai ou com a pessoa que as está atendendo, fortalecendo na figura materna o sentido de incapacidade, de não conseguir realmente dar conta das antigas e novas responsabilidades, concomitantemente.

Como a família e os amigos podem ajudar a mamãe a sair da Depressão Pós-Parto?

Se a família e os amigos colaborarem de modo satisfatório, proporcionando confiança e segurança à puérpera, principalmente no tocante às atividades maternas, sem críticas e hostilidades, mas com compreensão e carinho, acolhendo-a nos momentos de maior fragilidade emocional, a depressão pós-parto vai diminuindo de intensidade até se transformar em carinho pelo bebê e respeito pelo ritmo de seu desenvolvimento e progresso.

O aumento da incidência de depressão pós-parto pode ter relação com a "vida moderna"?

Até alguns anos atrás, quando as famílias eram mais numerosas, era comum o filho mais velho cuidar do mais novo e, desta forma, quando tinham seus próprios filhos, sentiam-se mais capacitados e seguros em assumi-los. Era comum que a nova mamãe contasse com o apoio e orientações de sua própria mãe, Hoje em dia, é mais difícil passar por esta experiência, já que todos na família saem para trabalhar muito cedo e o número de filhos ter diminuído consideravelmente. Para suprir tal carência de aprendizagem, algumas maternidades estão implementando o sistema de alojamento conjunto, para que possa proporcionar à gestante a experiência real e supervisionada com seu bebê, o que facilitará a formação do vínculo precoce entre eles.

A ausência de um adequado suporte familiar pode propiciar o aparecimento da Depressão Pós-Parto?

Sim. A maior incidência de Depressão Pós-parto em pacientes que experimentam dificuldades adaptativas à gestação, como por exemplo, nos casos de gravidez não desejada, gravidez contrária à vontade do pai, situação civil irregular, gravidez repudiada por familiares, carência social e outros fatores capazes de desestabilizar emocionalmente a relação entre a paciente e sua gravidez.

Como o omega3 pode evitar a depressão pós-parto?


O ômega 3 é fundamental para a constituição do cérebro e manutenção do seu equilíbrio, é por isso que essas gorduras são a principal nutrição que o feto recebe pela placenta. É também por isso que as "reservas" da mãe que já são baixas na dieta ocidental caem de forma dramática nas últimas semanas da gravidez e continuam diminuindo durante a amamentação, o que aumenta o risco da depressão pós-parto. Mães precisam de ômega 3 para si e para o bebê!

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