Dra. Débora Christina Ribas D'Ávila

Ed. Life Town Cambui, rua dos Alecrins, 914, sala 408 , fone (19)99478-6060, Campinas, São Paulo, Brazil

02/08/2011

Semana da Amamentação - Sociedade Brasileira de Pediatria

A SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA: AÇÕES E CONQUISTAS EM


ALEITAMENTO MATERNO


Departamento Científico de Aleitamento Materno*

* Elsa Regina Justo Giugliani (presidente) – RS; Roberto Diniz Vinagre (Vicepresidente)

– MT; Lucia Marina Abrantes Gueiros Samu (secretária) – ES; Carmen

silvia Martimbianco de Figueiredo – MS; Dione Alencar Simons – AL; Dolores

Fernandez Fernandez (BA); Feliciana Santos Pinheiro – MA; Hamilton Henrique

Robledo – SP; Hugo Issler – SP; José Dias Rego – RJ; Keyko Miyasaki Teruya –

SP; Sonia Maria Salviano Matos de Alencar - DF

Apesar de a espécie humana, por ter evoluído e se mantido 99,9% da sua

existência na terra amamentando os seus descendentes, estar geneticamente

programada para receber os benefícios do leite materno e do ato de amamentar, o

aleitamento materno deixou de ser um ato universal por influências socioculturais.

No século XX, em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, houve um dramático

declínio das taxas de aleitamento materno até as décadas de 60 e 70, com tristes

implicações - desnutrição e alta mortalidade infantil em áreas menos

desenvolvidas. As conseqüências a longo prazo são ainda desconhecidas, pois

transformações genéticas não ocorrem com a rapidez de mudanças culturais.

Na década de 70, deu-se início ao movimento global de resgate à “cultura da

amamentação”, em resposta às denúncias contra o uso disseminado de leites

artificiais e ao surgimento de inúmeros trabalhos científicos mostrando a

superioridade do leite materno como fonte de alimento, de proteção contra

doenças e de afeto. As taxas de aleitamento materno no Brasil aumentaram

consideravelmente nas décadas de 80 e 90, em resposta a diversas ações de

promoção do aleitamento materno em todo o País. A mediana da duração do

aleitamento materno, que era de apenas 2,5 meses em 1975, passou a ser de 5,5

meses em 1989 e de 7 meses em 1996. A última pesquisa em nível nacional

realizada nas capitais brasileiras indicou uma mediana de duração de aleitamento

materno de 10 meses.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), através do Departamento Científico de

Aleitamento Materno, ex-Comitê de Aleitamento Materno, sempre esteve engajada

no movimento de resgate do aleitamento natural. Já no final dos anos 60, portanto

mais de uma década antes da implementação do Programa Nacional de Incentivo

ao Aleitamento Materno (PNIAM), em 1981, a SBP reuniu um pequeno grupo de

pediatras preocupados com as práticas alimentares das crianças pequenas da

época. Como resultado, foram publicadas as primeiras recomendações sobre

amamentação no Jornal de Pediatria.

A SBP e o aleitamento materno: retrospectiva

O Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP foi criado em 1980,

portanto nos primórdios do movimento de resgate à amamentação, com o nome

de Grupo de Incentivo ao Aleitamento Materno. Oficialmente o grupo era

composto por apenas 2 membros: o coordenador nacional (Dr. José Martins Filho)

e o coordenador para o Rio de Janeiro (Dr. José Dias Rego). Em 1982, o Grupo

de Incentivo ao Aleitamento Materno passa a se chamar Comitê de Aleitamento

Materno, sob a coordenação nacional do Dr. José Dias Rego. Em 1984, esse

Comitê, agora Comitê Científico de Aleitamento Materno, é ampliado, fazendo

parte dele 34 membros representando 18 estados, ainda sob a mesma

coordenação.

Na gestão 1986-1988 o Comitê Científico de Aleitamento Materno foi extinto, para

ser reativado em 1988 com 15 membros e sob a coordenação do incansável Dr.

Dias Rego. Em 1992, o número de membros do Comitê é reduzido a 12, agora

sob a coordenação da Dra. Vilneide Braga, de Pernambuco. O Dr. Joel Alves

Lamounier, de Minas Gerais, assume a presidência do Comitê de 1994 a 1998. É

nesse período que o Comitê Científico de Aleitamento Materno passa a se chamar

Departamento Científico de Aleitamento Materno. Junto com a mudança do nome

houve uma reformulação do regulamento de todos os Departamentos da SBP, que

passaram a ter as seguintes finalidades: promover estudos; normatizar; promover

reuniões, encontros, cursos; e assessorar a diretoria da SBP em assuntos da

abrangência dos Departamentos. Houve uma mudança na constituição dos

Departamentos, que passaram a ter um Núcleo Gerencial (presidente, vicepresidente

e secretário), um Conselho Científico formado por no máximo 11

membros e um Grupo de Membros Participantes, composto por um número

ilimitado de sócios da SBP. Os membros do Núcleo Gerencial e do Conselho

Científico não podem permanecer no Departamento por mais que duas gestões

sucessivas. Sendo assim, o Dr. Joel Lamonier, em 1988, foi substituído na

presidência do Departamento de Aleitamento Materno pela Dra. Sonia Maria

Salviano Matos de Alencar, do Distrito Federal, que permaneceu no cargo até

março de 2001. Desde então, a presidência vem sendo desempenhada pela Dra.

Elsa Regina Justo Giugliani, do Rio Grande do Sul.

Ações e conquistas

A SBP há mais de 3 décadas vêm se engajando no movimento pró-amamentação

no Brasil, sendo um dos pioneiros. Seria impossível relatar todas as ações e

conquistas na área de aleitamento materno, em parte pelo grande número de

ações e em parte por dificuldade em localizar os registros de todas as atividades.

Ao trabalho do Departamento Científico da SBP somam-se os trabalhos das

filiadas regionais. A seguir serão listadas algumas ações e conquistas do

Departamento Científico de Aleitamento Materno ao longo do tempo:

Apoio da SBP e participação ativa dos membros do Departamento Científico

de Aleitamento Materno em diversos eventos: encontros, cursos,

seminários, congressos, etc.;

1982-1984 – intensa mobilização de profissionais em todo o País, através das

filiadas nos estados;

1984-1985 - participação no Grupo Técnico Executivo de Incentivo ao Aleitamento

Materno do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, opinando nas

campanhas de incentivo ao aleitamento materno, na elaboração das normas de

alimentos para o desmame e da Norma Brasileira para Comercialização de

Alimentos para Lactentes, nas recomendações técnicas para o funcionamento dos

Bancos de Leite Humano, entre outros;,br>

1985– “Prêmio Zezinho Amigo do Peito” – em homenagem aos Drs. José Martins

Filho e José Dias Rego - para o melhor trabalho científico sobre aleitamento

materno apresentado no XXIV Congresso Brasileiro de Pediatria, em Fortaleza;

1986-1987– Campanha “Aleitamento Materno, Parto Normal: atos de amor” ,

motivada pelo fato de o Brasil ser campeão mundial de cesarianas;

1988 – “Prêmio Criança e Paz” conferido pelo UNICEF à SBP pelo destaque na

luta em defesa dos direitos da criança e do adolescente;

1992-1994 – Apoio à campanha Hospitais Amigo da Criança;

1998-2001

1-Atuação importante na “Semana Mundial da Amamentação”, atualmente

celebrada entre 1 e 7 de outubro. Todos os anos a SBP convida uma mulher de

expressão que esteja amamentando para ser a madrinha do Departamento

Científico de Aleitamento Materno. Em 1999 a escolhida foi Luiza Brunet, em 2000

Glória Pires e em 2001 Isabel Filardis. As madrinhas pousam amamentando para

a confecção folders e de cartazes que são distribuídos em todo o Brasil através

das filiadas;

2-Integração entre SBP e a Área de Saúde da Criança da Secretaria de Políticas

de Saúde do Ministério da Saúde nas seguintes ações, entre outras: Iniciativa

Hospital Amigo da Criança, Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos

para Lactentes, Método Mãe Canguru, Semana Mundial da Amamentação, Projeto

Carteiro Amigo e Projeto de Expansão da Rede de Bancos de Leite Humano;

3-Representação na Comissão Nacional de Bancos de Leite Humano do Ministério

da Saúde;

4-1999 - Concurso de Monografias sobre Aleitamento Materno entre os médicos

em processo de especialização em pediatria;

5-1999 - Concurso de Fotografia de Mulheres Amamentando para pediatras,

sócios da SBP;

6-1998 – Diploma entregue ao presidente da SBP pelo Ministério da Saúde como

reconhecimento aos esforços empreendidos pela SPB em prol da saúde das

crianças, e em especial em prol da amamentação;

7-2000 - Homenagem do representante do Ministério da Saúde ao presidente da

SBP, Dr. Lincoln Freire, na abertura I Congresso Internacional de Bancos de Leite

Humano, em Natal, pelos trabalhos desenvolvidos pela SBP na área de

aleitamento materno.

Em outubro de 2001, os membros do Departamento Científico de Aleitamento

Materno se reuniram no Rio de Janeiro para, entre outras coisas, elaborar um

plano de ação para a gestão 2001-2004. As metas para 2002 são:

1)Criação do Curso Itinerante de Atualização em Aleitamento Materno para

Pediatras, que deverá ser oferecido em todos os estados, através das filiadas da

SBP;

2)Resgate do Projeto Título de Especialista em Aleitamento Materno;

3)Elaboração de vídeo sobre aleitamento materno para sala de espera de clínicas

e consultórios, que poderá ser adquirido pelos pediatras sócios da SBP;

4)Elaboração de Folder sobre aleitamento materno dirigido às mães, que poderão

ser adquiridos pelos pediatras sócios da SBP e distribuídos entre a sua clientela;

5)Canal de comunicação direta com os pediatras e o público em geral através do

site da SBP.

A SBP tem uma tarefa social da mais alta relevância: a de promover a saúde da

criança brasileira. E neste contexto assume lugar de destaque a promoção, a

proteção e o apoio à amamentação. Muitas ações pró-amamentação e conquistas

vêm sendo vivenciadas ao longo dos últimos 30 anos. Há muito o que fazer ainda.

Precisamos envolver o maior número de pediatras neste movimento crescente de

conscientização da importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6

meses de vida e complementado até os 2 anos ou mais. Precisamos continuar

trabalhando em prol da universalização da prática do aleitamento materno.

Referências Bibliográficas:

Alencar SMSM, Dias Rego J. As Sociedades Médicas e o incentivo ao aleitamento

materno. In: Dias Rego J, ed. Aleitamento Materno. São Paulo: Atheneu; 2001.

P.409-20.

Carneiro G. Um compromisso com a esperança: História da Sociedade Brasileira

de Pediatria – 1910-2000.Rio de Janeiro: Expressão e Cultura; 2000.

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